quarta-feira, 15 de abril de 2015

Meus Saxofones Update #1

Complementando os dois últimos posts anteriores sobre os saxofones "VITO", recentemente fui tive a oportunidade de ver o Wynton Marsalis com sua big band "Jazz at Lincoln Center Orchestra" ao vivo, vi a apresentação praticamente colado na grade, o mais próximo possível dos músicos, e fiquei impressionado com os setups dos saxofonistas e como eram ecléticos: Walter Blanding com um tenor CG Conn New Wonder II (anos 1920~30), Victor Goines com um tenor Selmer Mark VI, Sherman Irby com um alto RS Berkeley Virtuoso, Paul Nedzela com um barítono CG Conn 12M e Ted Nash com um alto Vito 37'. Como podem ver, são desde modelos vintage até modelos modernos, mas o que isso tem a ver com os posts anteriores ? Eu mencionei que os saxofones "VITO", em especial os modelos fabricados na França tem uma boa qualidade de entonação, e mesmo sabendo disso por experiencia própria, tive a confirmação ao vivo quando ouvi o saxofonista profissional (Ted Nash) tocando um sax desse e ainda da maneira que eu tanto defendo, que é a qualidade do som sem uso de reverb e etc, somente no "vento", no puro som do instrumento e de quem o toca. Segue o vídeo de uma das musicas em que ele faz o solo utilizando este sax:



Agora vamos aos novos membros da coleção:

Sax Alto Kohlert 57' 


Eu estava navegando em um site de saxofones, sem nenhum propósito além de agregar conhecimento, mas algo me chamou atenção quando li um certo trecho:

"“1950's MODELS ” (1955 to 1959, excepting 1956): Again, Kohlert labeled a group of horns according to specific years produced: 55, 57, 58 and 59. These are the last “good” Kohlerts ever produced, according to most popular opinion, with the 57 being the unarguable best.
The 55 is essentially a slightly redesigned Winnenden, but the 57 is a completely new design with right hand bell keys and somewhat reworked keywork. According to some, particularly www.cybersax.com, it’s on par with the Mark VI in terms of sound quality."

Tradução:

""1950 MODELOS" (1955-1959, à excepção de 1956): Mais uma vez, Kohlert rotulado como um grupo de chifres de acordo com anos específicos produzidos: 55, 57, 58 e 59. Estes são os últimos "boas" Kohlerts já produzidos, de acordo com o mais popular opinião, com o 57 sendo o melhor indiscutível.
O 55 é essencialmente um Winnenden ligeiramente redesenhado, mas o 57 é um projeto completamente novo com chaves sino mão direita e um pouco keywork retrabalhado. Segundo alguns, particularmente www.cybersax.com , é a par com o Mark VI , em termos de qualidade de som."

No começo da minha leitura sobre os saxofones "KOHLERT", minha impressão era de que não passava de mais uma fabricante Alemã de instrumentos, mas quando li o trecho acima, logo pensei: "Será mesmo ?", Procurei no youtube e não encontrei muitos videos que ajudassem, então perguntei para Kim Slava, um Luthier e historiador americano, se o Kohlert 57' era tudo isso que falavam, ele me respondeu que sim, porém é um sax muito raro, pelo fato de que foi fabricado apenas no ano de 1957, e encontrar um seria uma tarefa muito difícil, principalmente se estiver com o verniz original, sem amassados. Isso foi mais ou menos em junho de 2014, a partir daí, comecei incluir este modelo na minha lista, sempre procurando, torcendo para achar um mesmo que estivesse em um estado não muito bom. Depois de muita procura lojas americanas e alemãs, finalmente achei um com verniz original, sem amassados, porem faltava proteção da chave do D# grave, de resto o sax estava perfeito estado levando em consideração que foi fabricado em 1957. Foi feito uma proteção para a chave, utilizando a chave de proteção do King Zephyr. Segue as fotos:




Este sax, sem duvida, é o melhor sax que possuo, A projeção dele é algo fora do normal, mesmo não possuindo a campana Big Bell, o volume de som é fora do normal, e ele faz isso sem perder a qualidade do som, a impressão é que quanto mais se coloca o ar com velocidade, melhor fica o som. 

Sax Alto Buffet Crampon Super Dynaction


Outro boa alternativa para o Selmer Mark VI é o Buffet Crampon Super Dynaction. Este é um dos saxofones que mais se aproxima do Selmer Mark VI em todos os sentidos: Qualidade de construção, timbre, ergonomia, acabamento, entonação e projeção. Eu pessoalmente considero a entonação e projeção do Kohlert 57' um pouco acima do Buffet Crampon Super Dynaction, porém ele (Kohlert 57') não é tão ergonômico (eu não ligo). Ele se dá muito bem no estilo erudito e popular, enquanto o Kohlert 57' é mais voltado para o estilo popular. Não deixa de ser um modelo raro, foram fabricados certa de 20,000 unidades entre 1957 e 1974/75. Seu período de fabricação foi quase o mesmo do Selmer Mark VI (coincidência?), e quando a "SELMER" resolveu lançar um modelo novo (Selmer Mark VII), com melhorias ergonômicas, quem resolveu lançar um novo modelo com melhorias ergonômicas ? Assim o Buffet Crampon S1 nasceu como resposta e para manter a competição pelo mercado. Nesses últimos anos de fabricação, tanto "SELMER" e "BUFFET CRAMPON" fabricaram modelos de transição. Na "SELMER" os primeiros Mark VII, utilizavam corpos de saxofones Mark VI. Os saxofones eram estampados e vendidos como Mark VII. Já na "BUFFET CRAMPON", os saxofones utilizavam o corpo do Super Dynaction e era adicionado o keywork do S1. Mesmo assim eram vendidos como Super Dynaction. Os modelos de transição em geral independente do fabricante, sempre são modelos mais raros, neste caso é bem mais fácil encontrar um modelo de transição da SELMER, do que da BUFFET CRAMPON, isso por causa da quantidade de instrumentos fabricados, enquanto foi fabricado 20.000 Buffet Crampon Super Dynaction's, foram fabricados 221.000 Selmer Mark VI's. Eu como um caçador de relíquias, consegui adquirir um por uma ocasião de pura sorte mesmo. Eu ainda o mantenho original, cuido apenas da limpeza e manutenção, embora o laque esteja desplacando, sei que isso é normal e inevitável. Segue as fotos:







Sax Alto Vito 38' Duke


Este, como já escrevi em postagens anteriores, é um ótimo custo beneficio, com o um excelente timbre e projeção e construção. Eu valorizo muito essas qualidades, elas são básicas para quem deseja um bom som. Tem a campana Big Bell, que da mais projeção. A lata é de boa qualidade. Tem uma boa afinação. Embora visualmente seu keywork lembre o do Selmer Mark VI, na prática, não é bem assim, pois seu buracos de tom foram fabricados em linha reta, enquanto Semer Mark VI, a orientação dos furos muda, seguindo uma direção na mão direita e outra na mão esquerda. O diâmetro do corpo também é ligeiramente maior que o Selmer Mark VI e Buffet Crampon Super Dynaction, porém não é maior que o Kohlert 57' (maior que já vi até hoje). Segue as fotos:




Sax Alto Buescher Aristocrat Series III


Sempre li excelentes relatos desse saxofone. Ele utiliza sistema de molas "NORTON", na qual as molas são rosqueadas no saxofone. A proteção das chaves C, D#, B e Bb graves, são soldadas no corpo do instrumento e são chapeados. A dificuldade começa aí, encontrar um Buescher (Aristocrat e 400') em que essas partes não tenham sido amassadas, e com todas as molas inteiras. Isso será visto em um post futuro, mas resumindo, os melhores Buescher's são os Aristocrat Big Bell e Series III, e 400' Top Hat and Cane, sendo que em todos, na parte inferior da campana existe um anel que acompanha a linha da curva de saída da campana, sendo ele mais discreto no Aristocrat, e sendo bem largo no 400' THC. Os bons Buescher's são os que foram fabricados, antes da aquisição da companhia pela SELMER US, a partir daí a qualidade dos instrumentos caiu drásticamente, de nível profissional na época, para saxofones estudantis para escolas. Isso fica mais claro pesquisando sobre os preços deles, enquanto um Buescher Aristocrat Big Bell ou Series III custa em torno de US 2500,00 , um Aristocrat fabricado após a venda da empresa para a SELMER US, custa perto de U$ 800,00 . No modelo 400' THC a diferença é maior ainda. Segue as fotos:




Sax Tenor SML - Strasser Marigaux Lemaire Rev. D


Este foi resultado de um negocio que fiz, em que foi sacrificado meu sax alto CG Conn PanAmerican. Sempre que falavam em qualidade de timbre em fóruns estrangeiros, era mencionado a fabricante francesa "SML". Nos posts anteriores, podem verificar que o próprio Vito Pascucci, sempre teve como meta, alcançar o timbre dos saxofones "SML". Hoje que tenho um em mãos, posso confirmar que são excelentes saxofones. O timbre fantástico, possui "roled tone holes", isso já deixa o keywork mais macio, a afinação é precisa, o tudel é mais comprido, e as notas agudas saem com extrema facilidade, geralmente quanto mais grave o instrumento, maior a tendencia das notas agudas serem pobres, neste sax isso não ocorre. A projeção é muito boa, se observarem a foto, ela tem uma curva acentuada perto da saída da campana, só perde mesmo para os saxofones Alemães (Julius Keilwerth e Kohlert), porém como sendo um instrumento da escola francesa, o timbre sempre se destaca. Segue as fotos:




Infelizmente como disse, meu sax alto CG Conn PanAmerican foi-se embora na negociação do tenor SML Rev. D, eu gostava muito dele, era versátil, simples porém eficaz. É um sax solido, quem está com ele dificilmente terá problemas com soldas, molas e sapatilhamento. Com isso são dez saxofones:

1. Sax Soprano: Weril Spectra II 976
2. Sax Alto: Weril Spectra I 921
3. Sax Alto: Selmer Mark VII
4. Sax Alto: Vito Duke (E. Beaugnier Special Perfect)
5. Sax Alto: Vito Duke 38'
6. Sax Alto: Kohlert 57'
7. Sax Alto: Buffet Crampon Super Dynaction
8. Sax Alto: Buescher Aristocrat Series III
9. Sax Tenor: Bel Air (Julius Keilwerth Tone King)
10. Sax Tenor: SML - Strasser Marigaux Lemaire Rev. D

 Por enquanto é isso, até a próxima...